1. Aqui vai uma reflexão sobre política económica
por quem não é de economia, que por isso não usa números. Leio Bagão Félix que
explica o que é “aumento de produtividade, ou seja, do [numerador] do rácio que
define os custos unitários de trabalho, ou através da redução do custo
energético” (Público 18 / 04,
corrijo ”denominador”, que é um lapso). Pretendo propor uma reflexão sobre a
existência destes dois factores da produtividade, antagónicos desde o início da
industrialização: cada máquina introduzida, claro claríssimo com robots e
computadores, diminui o número de trabalhadores que são precisos, e é provável
que esteja aí, na maquinaria electrónica, a razão mais forte para o crescimento
do desemprego estrutural nas últimas 3 décadas, que não o conjuntural da crise
financeira que nos desvastou a economia. Se for assim, é provável que o
progresso tecnológico de tipo electrónico galopante desde o neo-liberalismo à
Friedman, Tatcher e Reagan, venha a
criar simultaneamente crescimento económico e a expulsar trabalhadores
dos postos em que a máquina intervém, já que é isso desde o princípio o
progresso tecnológico, o aumento da produtividade e o planeta está exibindo os
seus limites, o que obrigará a partilhar os horários de trabalho dos postos que
sejam afectados por essa melhoria electrónica, o que parece contrariar a
expectativa de crescimento do emprego com o progresso tecnológico. Talvez se
posa testar esta tese estudando as correlações entre custos energéticos e
salários, em ciclos e zonas de produção adequados.
2. Mas o ponto actual é outro e tem a ver com a
questão da Segurança social e da contribuição do capital, de que fala o PS. Que
se encontre uma maneira de relacionar os dois factores do aumento da
produtividade de que falava Bagão Félix, homem didáctico, inteligente e sabedor
daquilo de que fala, e se calcule a TSU em função de quocientes desses dois
factores da produtividade, da quantidade de energia gasta (índice da maquinaria
usada) e dos salários que são precisos para o funcionamento dela. Este factor,
o que se usa hoje em dia, justifica directamente a TSU, enquanto que o que tem
a ver com a maquinaria, a introduzir para compensar a baixa do primeiro por a
máquina gerar desemprego, justificar-se-ia com a função social da propriedade
das empresas mas também com a correlação máquina / desemprego e despesa social.
O aumento estrutural deste tem como consequência a diminuição do tempo de
trabalho o que se deve generalizar para toda a gente segundo os sectores
respectivos. Com efeito, isso tem sucedido ao longo da história da
industrialização devido às lutas sindicais, porque as máquinas resultam da
epopeia das descobertas científicas, que foi a condição das invenções
tecnológicas, resultam das
ciências serem o Bem da humanidade, não apenas dos proprietários, mas de todos os cidadãos. Delas mesmas, as
ciências não proporcionam ‘propriedade intelectual’, patentes rentáveis, como
as invenções técnicas dos engenheiros com engenho, não têm proveito próprio,
nem sequer a fama na maioria dos casos, são altruístas por estrutura. Como bem
sabia o engenheiro que virou cientista Mariano Gago, que tive o gosto de ter
como aluno de liceu in illo tempore, e de seguir o seu notável percurso de fomentador do desenvolvimento das
instituições científicas em Portugal.
3. O problema é que em vez de a diminuir, vai ser preciso aumentar a TSU! Henrique Neto já pôs o dedo na ferida: as empresas com poucos trabalhadores e capital intensivo, isto é, com a produção devida sobretudo, ou quase só, a máquinas e robots, deverão aumentar a TSU. Ele é empresário socialista, espécie mui rara, merece ser ouvido.
P. S. Ana Vicente era gente. Feministas católicas
é uma espécie muito rara, são dois termos antagónicos, católicas tendem ao
anti-feminismo e feministas ao anti-catolicismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário