uma tentativa fruste de auto-análise
O
motivo de ‘ex-per-iência’
O
meu caso
O
motivo de ‘ex-per-iência’
1. Uma longa citação do meu texto neste blogue Prova
e provação de Deus (16/08/2015) permite-me entrar no
tema. Retenhamos do Dasein – do pensador da doação da
fecundidade (múltipla, não ‘mono’, não ontoteológica), doação essa dissimulada,
retirada – que o ek-sistir dos humanos é um -sistere sempre-já fora (ek-), exterioridade,
ser-no-mundo[1]; a tão prezada por cada um de nós ‘interioridade’ vem-lhe da aprendizagem,
dos rastos (memória) das experiências passadas, rastos esses que lhe permitem
uma certa distância ou afastamento, um retiro, um Fort-sein[2], em relação ao Da- (proximidade,
ser-o-aí), a esta ex-posição de exterioridade sempre-já. É este retiro que
retém a identidade do humano, que o guarda enquanto ‘ele próprio’ nessas suas
‘saídas’, nessas experiências mais fortes que o alteram; ele provém dos usos
recebidos dos antepassados, da repetição quotidiana, em que o seu ‘eu’ se vai
afirmando, simultaneamente agindo fora e retirado, repetindo os outros mas
segundo o seu talento, estilo, idiossincrasia, os
rastos dos outros (heteronomia social) ficam esquecidos[3] como condição da sua autonomia, sem o quê seríamos loucos, sempre
presos da exterioridade como alienação: o grande interesse deste motivo
heideggeriano é justamente o de permitir pensar os humanos fora da oposição
alma / corpo, sujeito / objecto, indivíduo / sociedade, como seres-no-mundo
tribal, liberdades finitas reguladas para cenas aleatórias. Por outro lado,
como se sabe, Ser e Tempo[4] é construído sobre uma experiência de antecipação da morte como mudança duma existência imprópria,
inautêntica, em uma existência própria, autêntica.
2. ‘Espiritual’ será a experiência de sermos
arrancados à nossa tribo (casa, família, instituição onde emprego), dum rapto,
arrebatamento, duma provação que nos transporta, nos move, nos promete a muito
mais do que a tribo, a “qualquer coisa de misterioso e de glorioso” (Leonardo
Cohen): alteração, metamorfose, conversão, abertura dum caminho inédito sem medida
comum com o que se era antes da provação do amor, antes da paixão ‘inaugural’.
Tempo relâmpago, claro-escuro, tempo fora do tempo, tempo acontecimento, kairos no grego do novo Testamento, tempo tal que não se volta mais atrás. O
destino mudou, uma (de)cisão se fez aí entre antes e depois. Fica-se assim cortado
dos seus antepassados, do sagrado de outrora: é nisso que uma tal experiência é
‘moderna’, podem-se atribuir experiências assim aos Profetas que escreveram a
Bíblia hebraica e aos Filósofos gregos, mutatis
mutandis. E ainda aos santos de todos os tempos e espaços
espirituais. Mas também, ainda que sem o acolhimento dito ‘fé’, aos grandes
apaixonados em seus textos e obras artísticas e de pensamento, o que se chama cultura em sentido forte, que nos permite abrir como nossos difíceis
itinerários humanos, nos dá algo como uma esperança em época tão mal tratada
como a nossa.
3. Experiência é a palavra dum viajante em zona
estranha, hostil. Tomada na sua etimologia latina, a palavra ex-per-iência diz um per-igo, a saída (ex-) de si, da sua identidade (tribal) assegurada até aí, o risco de per-ecer[5]; uma alteração pois da identidade construída a partir dos antepassados,
mortos e vivos: a ex-per-iência é vida / morte /
vida, uma morte na vida, uma sua alteração mais ou menos brutal. Ora bem, esta
ex-per-iência, esta alteração decisiva, entre
aqueles que sofrem a sua provação a um nível especificamente ético, há muitos
humanos que a atribuem a Deus, ao totalmente Outro. Mas se o si de cada um é já tecido indefinidamente de outrem, desde a noite dos
tempos ancestrais, como separar este totalmente Outro de todos os outros e de si mesmo? A ex-per-iência tornar-se-á rasto
também ela, memória, outrem-em-si, si-como-outro-mais-si-do-que-si (‘intimior
intimo meo’, dizia Agostinho de Deus: mais íntimo a
mim do que o meu próprio íntimo, também vale de outrem, como os nossos sonhos
atestam[6]): como é que ela aguentará a duração, já que haverá outras
experiências sempre possíveis? Não é o próprio que decide; pode-se regressar
duma ex-per-iência em que o ‘si’ se per-deu, per-eceu? Quem deciderá então? A
(de)cisão está lá, indecidida todavia, pode ser que ela seja o futuro do -per- da experiência: jogando de novo com o que chamamos memória, refará a
experiência de outra maneira, reabrindo o campo que ela tinha aberto, impedirá
o si perdido de se perder, perdendo-o novamente. Como conseguir falar de tão
fortes experiências, das seqüelas em toda uma vida do vendaval que a alterou,
dos altos e baixos que inevitavelmente se sucedem? O -per- da ex-per-iência não a torna incomparável
a qualquer outra experiência? Diz-se que o amor é cego, que não vê aquilo que
toda a gente à volta vê. Mas é a cegueira dum visionário, ele vê o que os
outros não vêem. É por isso que ele está aquém e além dos argumentos de pensamento.
São usos, hábitos, contextos quotidianos, que mudam nessas experiências-acontecimentos
de-cisivos duma vida que nunca mais será a mesma.
O
meu caso
4. Foi no dia 30 de Março de 1953, eu ia nos 19
anos e meio, 20 contando com o tempo passado no ventre da minha mãe, em cujo
calor começou a brincadeira. Uma semana após a morte repentina da minha avó
materna, é por isso que me lembro da data, num retiro espiritual dirigido pelo
P. Abel Varzim e organizado pela Juventude Universitária Católica no seminário
dos Olivais. Estou sentado no coro da capela e sucede-me um transe, não tenho outra palavra para
dizer, que me abarca o corpo todo, como um banho de água quente ou como um
forte orgasmo sem sexo, sublimado. Dura poucos minutos, mas transforma-me
noutro. Quarto dos nove filhos dum casal fortemente católico,
no ambiente da capela e do retiro,
não tenho a menor dúvida em atribuir essa experiência ao Deus dos católicos.
Expliquei no texto citado de entrada sobre as razões porque não creio num
Criador do universo terrestre dos vivos, mantenho todavia uma relação ao cristianismo
(sem o amor do próximo, hélas!), que não sei dizer se é ou não de crença mas
vive ainda do passado forte que então se abriu.
5. Durante muito tempo, fui extremamente discreto
sobre esta experiência, quereria aqui reflectir sobre ela a partir de quem
agora sou. Num texto recente sobre Maio 68, propus compreender a sua razão histórica
pela transformação operada por ele, entre o seu antes e o seu depois; também
esta experiência espiritual, quando não a interpreto já como a visita do
criador, pede para ser avaliada pela transformação decisiva, pela ruptura que
operou em mim. Quem era o rapaz que entrou nesse retiro espiritual? Alguém que
se tinha tornado um ‘bom aluno’. Duas lacunas me aparecem no meu percurso de
adolescente: não me lembro de ter alguma vez querido ‘quando fosse grande’ ser
qualquer coisa (filósofo menos do que tudo, chumbei em filosofia no 6º ano do
liceu, não percebia nada do que dizia o professor, sonolento em aulas depois do
almoço, assim como o manual era ilegível); nunca ninguém me aconselhou ou
incitou ao que quer que fosse que tivesse a ver com cultura ou com as questões
do mundo (eu tinha 12 anos quando a guerra acabou), lia muito mas ao calhas.
Fui um aluno razoável no liceu, o que aprendi estruturou-me a cabeça em áreas
diferentes, gostava sobretudo de matemática, por isso fui para o Técnico, e
depois para civil por exclusão das outras quatrco especializações então possíveis.
Como sucede a muito boa gente, perdi-me completamente na transição entre o
liceu, onde éramos bem enquadrados, com pontos e chamadas que nos faziam andar
com os estudos em dia, e um instituto em que não éramos obrigados a ir às aulas
teóricas e em que a matemática se tornou algo de incompreensível para mim. O
que teve como consequência que comecei a passar muito tempo a jogar à bola no
ringue da Associação de Estudantes, foi a minha boémia de menino de família
numerosa sem cheta. No 1º ano ainda passei rés-vés, no 2º, com quatro cadeiras
apenas, chumbei em três e só passei em Cálculo, a mais difícil, usei cábulas
nos exames. Mudei então para a Faculdade de Ciências na Escola Politécnica,
podendo frequentar algumas cadeiras do 3º, o que implicou bastante trabalho
desde o princípio do ano, tendo conseguido passar a todas e voltar para o 4º
ano do Técnico (com três cadeiras atrasadas que fui fazendo uma por ano) e
reencontrar os meus colegas anteriores. Ora bem, foi nesse 3º ano na Escola
Politécnica que se deu o tal retiro, o que significa que já tinha feito uma
espécie de conversão de vida como ‘bom aluno’.
6. O efeito da experiência espiritual foi
dar-me uma motivação de vida que eu não tinha, mas ela não jogou em relação aos estudos ou à futura carreira de engenheiro;
o que fez foi criar motivos que não havia, militância da JUC e frequência da
igreja, e igualmente me abriu a questões intelectuais e politicas, que
começaram a desenvolver-se lentamente, pois que vinha do zero. Só olhando mais
longe se percebe a mutação, quando larguei a ideia de engenharia, que nunca
fora minha mas uma exclusão de partes de quem não sabia o que queria ser, nem
tinha o mínimo de informação do mundo adulto para escolher. A escolha veio a
manifestar-se depois, primeiro com a decisão de entrar para o seminário
acabados os seis anos de licenciatura e mais tarde, depois da licenciatura em
teologia em Paris, em 1968, e da ruptura com a condição de padre católico, com
a decisão de prosseguir pela leitura materialista do evangelho de Marcos a que
se seguiu, em Lisboa e na Faculdade de Letras, a inesperada possibilidade duma
vocação filosófica – aberta no seminário por um extraordinário professor de
filosofia, o P. Honorato Rosa –, sempre com um pé fora da filosofia, nas
ciências, no cristianismo e na história europeia. O que se manifestou como
efeito daqueles minutos de transe foi uma enorme paixão intelectual, totalmente ignorada pelo adolescente de 19 anos
que foi ao tal retiro espiritual.
7. O que sugere que o ‘espiritual’ acabou por se
desvanecer – não fui capaz de ser santo – e virar intelectual. Mas é possível
que esta maneira de contrapor espiritual e intelectual, que levaria a ligar
aquele ao evangelho e este ao filosófico, não seja muito correcta. Comecemos
por distinguir intelectual e inteligente: este é quem compreende as coisas do
mundo, além dos seus interesses próprios, aquele é quem sabe jogar com conceitos
e literaturas. Há quem sem ter estudos superiores e sem ser intelectual seja
fortemente inteligente e há intelectuais académicos que são burros de fazer dó
(acontece-me em certos aspectos da vida). Os Profetas que escreveram a Bíblia
hebraica eram intelectuais, tal como os Filósofos gregos, embora com concepções
intelectuais diferentes, como mostra o livro de Daniel Sibony que liga o
pensamento de Heidegger ao desses longínquos Profetas. Também o motivo de
‘espiritual’ tem que ser distinguido de ‘religioso’, que se constituiu como uma
forma social englobante de toda a sociedade, desde o nascimento, enquanto que o
‘espiritual’ parte da conversão da vida e rompe com o aparato ritual e
doutrinal da religião. Mas também o ‘espiritual’ não é a pôr apenas do lado da
ética, que esta também tem incidências intelectuais, ainda que filósofos,
cientistas e artistas possam por vezes rebaixarem-se eticamente. Seria tentado
a pensar o que chamei ‘respiritual’[7]
do lado do sopro na vida, mais
do que da ética de que, melhor ou pior, muita gente dá provas em vidas que não
são fáceis: ‘respiritual’ seria o sopro duma paixão que se põe acima do culto
dos feitiços habituais, o dinheiro, o poder, as ortodoxias mediáticas, uma
paixão que não transige, não se dobra em face do que impera. Sendo assim, ‘não ter sido capaz de ser santo’ –
e é certo que não basta querer para o ser – não significará menos ‘respiritual’
(porque mais egoísta, por exemplo) mas mudança progressiva da tonalidade da
vida com a afirmação da paixão intelectual. Que esta tem as suas maneiras de se
manifestar ao próprio, através do que eu diria, utilizando um termo claramente
espiritual, através da graça
experimentada frequentemente como fecundidade da escrita bem além do que se
pode e se sabe, experiência do inesperado, duma frase que ao se escrever, ao se
terminar, abre outra sem que se saiba como. Será essa fecundidade que será dada
aos grandes apaixonados.
8. Dito tudo isto, fica a questão: o que foi o
transe, a experiência respiritual? Alguma coisa se libertou em mim que se revelou dinâmica para o resto da
vida, durante 65 anos até hoje. O que é que podia ser? Não tenho ideia de que
antes fosse angustiado, gostava de me rir, mas o que veio a seguir mostrou que,
a chumbar no Técnico porque jogava à bola e a estudar estimulado na Escola
Politécnica, faltava-me qualquer coisa que me permitisse distância em relação
ao que fazia, pensar além do quotidiano e de mim. Haveria algo como uma falta
de capacidade de me tornar adulto, uma adolescência retardada que assim se
‘desencadeou’? Porventura foi um escape à autoridade do meu pai nos tempos em
que me vigiou os estudos e me ia buscar ao liceu onde ficava a jogar futebol ou
matraquilhos no Jardim Cinema, o ‘bom aluno’ tinha-me enfim começado a
libertar-me dele, naquele momento do coro da capela ter-se-á destapado parcialmente
o recalcado do que Winnicot chamou o brincar infantil, antes da aprendizagens das regras da
fala e da sala virem ‘calcar’ esse brincar primitivo do feto e do bebé, que
marcará todavia esse regrado aprendido[8]
dando-lhe um estilo pessoal.
Seja como for, soltou-se a possibilidade de escolher enfim o que queria ser quando fosse grande: foi
três anos mais tarde o renegar da ida para engenharia (que espreitara num
estágio de verão feito na fábrica metalo-mecânica da Mague em Alverca), indo
buscar claramente outra via que não a dum burguês beato e instalado, assim como
doze anos mais tarde, achando-me marxista, a avaliação da situação clerical
numa Igreja ligada demais ao salazarismo me fez mudar de rumo de novo sem saber
para onde, mas sem largar a perspectiva cristã que a experiência dos 19 anos me
abrira, procurando durante cinco anos – com emprego e casado, dois filhos –
relacionar Marcos com Marx: foi o primeiro fruto da paixão, em que espiritual e
intelectual caminhavam juntos. Depois veio o 25 de Abril e um ano mais tarde o
convite inesperado para o departamento de filosofia da Faculdade de Letras,
tendo como base curricular a publicação da Lecture matérialiste de
l’évangile de Marc: sorte grande!
(que devo ao Fernando Gil e ao Manuel Vilaverde Cabral, que mal me conheciam).
Levou alguns anos a encontrar o fio do futuro, a tese sobre epistemologia da
semântica da linguista saussuriana, onde Derrida e os duplos laços e, depois da tese, Heidegger, pensador da
terra, encontraram o lugar
principal na minha, agora clara, paixão intelectual.
9. Significa isso então que a desconstrução que
operei do cristianismo, trabalhando sobre os textos dos seus primeiros quatro
séculos, foi algo de puramente intelectual? O espiritual foi evacuado? Que
tenha largado o que era a única possibilidade de exercer a teologia em que me
licenciara em Paris e continuado esses cinco anos (1968-73) a trabalhar nas
questões que me apaixonavam, que nunca tenha largado nenhum ponto criticável do
cristianismo sem ser por argumentação, implica que houve – durante aliás toda a
minha vida futura – uma espécie de docilidade intelectual no seio da atitude critica de
busca que poderá ser o que sobrou
do espiritual. Outra maneira de responder a essa questão, haveria que perguntar
pelo que sobra dessa desconstrução: a resposta está num texto inédito[9]
sobre a ética de fecundidade espiritual além do que se pode dos cap. 5-7 do evangelho de Mateus, o chamado discurso
da montanha, que outros passos corroboram. Ora,
pode-se presumir que, sendo um texto da dita fonte Quelle, comum a Mateus e
Lucas, sem influências nem gregas nem apocalípticas ou iranianas, sem
referências teológicas à morte e à ressurreição, presumir que se trata da obra
de pensador de Jesus de Nazaré,
recuperado dos posteriores enfeites messiânicos ou divinos, como que saído do
túmulo mitológico que o envolveu, como profeta espiritual alimentado pela
tradição bíblica hebraica. O espiritual redescoberto pelo intelectual. Mas eu
fico de fora, estou a léguas dessa
fecundidade, sempre estive.
[1] Que fenomenologicamente se traduz na
maneira como a aprendizagem dos usos da sua tribo fazem dele um humano.
[2] J. Derrida (La carte postale de Socrate
à Freud et au-delà,
Flammarion, 1980, p. 342) aproxima o Dasein de Heidegger do Fortsein de Freud (o jogo infantil do Fort/Da em Para
além do princípio do prazer),
o que daria uma espécie de Dafortsein que aqui me inspira.
[5] Como aliás no alemão (Erfahrung, experiência, Fahrt, viagem), creio que se trata do mesmo –per- na semântica latina, a da viagem fora da
segurança do seu território, per-igo de per-ecer entre estranhas gentes, em
suas línguas e usos outros. W. Bromeier, tradutor francês de Heidegger,
"Hegel et son concept de l'expérience" (Chemins
qui ne mènent nulle part,
1962, Paris, Gallimard) diz numa nota que este ‘-per-‘ “significa o movimento
de atravessar, de ‘percer’ [em francês]” (p. 308). Ver ‘perig-‘ e ‘peregr-‘ no Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa,
2003, Lisboa, Círculo de Leitores, que, além de ‘experiência’ e ‘perito’,
acolhe também ‘peregrino’, mas não ‘perecer’.
[6] Quando, deixados os outros, recolhido só
na noite, olhos e ouvidos fechados, na maior intimidade, se perde a consciência
de si no sono, nesse mais íntimo do que o seu íntimo, encontramo-nos fazendo
parte dum povo de gentes estranhas e familiares, que fazem o que lhes apetece,
por vezes nos fazem mal, nos levam para onde não sabemos nem sempre queremos.
[9] Versão
francesa no meu blogue Questions au christianisme. Ver o texto Da fecundidade espiritual, neste blogue (3/7/2018).