Thomas
Staubli (org.), Wer knackt den Code ? Meilensteine der Bibelforschung.
50 Porträts, Patmos, 2009, Dusseldorf
[Quem é capaz de
decifrar o código ? Grandes marcos da investigação bíblica. 50 retratos)
[Qui peut
déchiffrer le code? Grandes pierres de la recherche biblique]
O
título deve ser uma alusão ao Código Da Vinci, trata-se duma maneira de
exegetas universitários alemães e suiços tomarem posição sobre como ler a
Bíblia num texto de divulgação para o grande público. Abre com um texto de
Thomas Staubli de 30 páginas que recapitula 2 séculos de investigação bíblica,
o qual, coadjuvado por mais 6 investigadores, apresenta em seguida, em duas
páginas cada, 50 obras significativas desse percurso, na esmagadora maioria de
língua alemã. É claro que se encontram lá todos os grandes, Wellhausen, Gunkel,
Buber, Bultmann, Barth, von Rad, de Vaux, Aland, etc.
Ora,
entre eles, nas pp. 106-7, figura a minha Lecture matérialiste de l’évangile
de Marc, Récit, pratique, idéologie, Cerf, 1974, traduzida
em espanhol, alemão e inglês (NY), o que, 35 anos após a sua publicação, me dá
mais contentamento do que qualquer prémio ou medalha, já que se trata de
exegetas alemães actuais (todos nascidos, excepto um, entre 1958 e 1977) que
avaliam as inovações surgidas na sua disciplina no século XX. É uma honra incrível aparecer
o meu livro publicado 35 anos antes entre estes grandes exegeta, a maioria de
língua alemã, Wellhausen, Buber, Bultmann, K. Barth, von Rad…
TRADUZINDO:
Fernando Belo (n. 1933) “C/X – A
leitura da Bíblia como parte de uma praxis política
Será que a crença cristã, tal como resulta da
Bíblia, é uma ideologia que contraria uma prática política libertadora? Que textos é que nos impedem a descoberta do
Evangelho dos Pobres?
“C by X" – foi este o programa provocador de
Fernando Belo: o Evangelho de Marcos (francês Marc) pode ser lido conforme
Marx! Abrem-se, desta forma e completamente, novos horizontes e interrogações!
Uma leitura da bíblia baseada em Karl Marx parece,
à primeira vista, bastante paradoxal.
Só que Belo apoia a sua abordagem não só em Marx,
mas também no estruturalismo francês e na psicanálise. O seu livro reflecte a
singular situação de uma Europa em novo começo, determinado pelas
transformações fundamentais do Concílio Vaticano II, do advento da Teologia
da Libertação, da Conferência
Mundial sobre Igreja e Sociedade (Genebra 1966), da decisão do Concelho Mundial
das Igrejas de lançar, em 1969, um programa contra o racismo, ao mesmo tempo
que acontece a rebelião estudantil de 1968, com o aparecimento das suas
esperanças utópicas e sociais.
Os anos 60 foram, na Europa, uma década de
desenvolvimento tenso, que conduziu a que as injustiças sociais, económicas, políticas
e as do racismo fossem empurradas para a agenda das igrejas. Neste contexto, e
na Europa Ocidental, desenvolveram-se novas formas de ler a Bíblia, que se
designaram por “concretismo”, “política”, “sócio-histórica”, “não-idealista” ou
“materialista”.
Belo adoptou a designação “leitura materialista”,
que significa, em primeira linha, o contrário de “idealista” ou seja: uma
leitura não individualista, não
abstracta, não transcendente, mas que resulta da interpretação compreensiva
resultante da realidade vivida através das estruturas económicas, políticas e
sociais e das lutas contra a opressão, exploração, discriminação, etc.
Enquanto que a sua leitura encontrou grande
aceitação na Europa, praticamente não deu passos no espaço dos EUA: “no geral,
o estudo bíblico ficou prisioneiro das preocupações privadas e medos dos
cristãos – enquanto que o nosso mundo pende de uma cruz imperialista, de
violência e de exploração” (Ched Myers, 1988).
Fernando Belo nasceu em Lisboa, em 1933. O seu
grande interesse por questões sociais, levou-o a licenciar-se em engenharia
civil e à leitura de Karl Marx. Em 1968 concluiu os seus estudos de Teologia
Católica numa Paris abalada pela luta estudantil. O seu interesse pela reforma
social, pelo marxismo, pelas utopias sociais e pela renovação teológica fez com
que os combinasse através dos métodos estruturalistas da análise dos códigos de
linguagem, desenvolvendo, assim, uma nova abordagem dos textos bíblicos. O seu
importante comentário ao evangelho de Marcos, “Leitura materialista do
Evangelho de Marcos” foi publicado
em 1974. A obra foi traduzida em espanhol, alemão e inglês. Em 1977, Belo
recebeu o doutoramento “honoris causa” pelo “Instituto Protestante”, em Paris.
Depois do golpe de esquerda (a “Revolução dos
Cravos”), que propiciou, após os tempos da ditadura, a lenta abertura do país,
o ex-padre, já casado, regressou a Portugal, vindo do seu exílio francês. Até
se jubilar, ensinou, como professor, Filosofia da linguagem na Universidade de
Lisboa.
Fernando
Belo, Leitura materialista do Evangelho de S. Marcos, Stutgart 1980
Ched
Myers, Binding the Strong Man. A Political Reading of Mark’s Story of Jesus.
New York 1988
Thomas Staubli (Herausgeber), Wer knackt den Code?
Meilensteine der Bibelforschung 50 Porträts, Patmos, 2009, Dusseldorf eilen
[Quem é
capaz de decifrar o código ? Grandes marcos da investigação bíblica. 50
retratos]ste
(Qui (())ine der
Bibelforschung
Inholt
Vorwort
9
Einleitung
11
Meilensteine
der Bibelforschung - 50 Porträts 41
1
Wilhelm Martin Leberecht de Wette
Ahnvater
der historischen Bibelforschung 43
2
Julius Wellhausen
Der
Bahnbrecher 45
3
Bernhard Duhm
Vom
Beginn der geistigen Weltgeschichte 47
4
Gustaf Dahnan
Pionier
der biblischen Ethnoarchäologie 49
5
Hermann Gunkel
Mitgründer
der Religionsgeschichtlichen Schule 51
6
Leonhard Ragaz
Pionier
der kontextuellen Bibeldeutung 54
7
Martin Buber
Religionsphilosoph,
Linkszionist und genialer Bibelübersetzer 56
8
Hedwig Jahnow
Frauenpionierin
in der alttestamentlichen Wissenschaft 58
9
Albrecht Alt
Der
Gott der Väter 60
10
Rudolf Bultmann
Entmythologisierung
des Neuen Testaments
und
Christusverkündigung 62
11
Sigmund Mowinckel
Altorientalischer
Kult als Sinnhorizont für biblische Texte 65
12
Karl Barth
Römerbrief-Kommentar
und dialektische
Theologie 67
Bibliografische
Informationen
http://d-nb.info/991116208 digitalisiert
durch
13
Yehezkel Kaufmann
Der
erste jüdische, historisch-kritische Bibelwissenschaftler 69
14
William Foxwell Albright
Prägende
Gestalt der Bibelarchäologie 71
15
Gerhard von Rad
Theologisches
Reden vom Alten Testament
als
Nacherzählung 73
16
Martin Noth
Amphiktyonie
und Deuteronomistisches Geschichtswerk 76
17
Roland Guérin de Vaux
Der
Entdecker von Qumran 78
18
Hans Walter Wolff
Prophétie
und Protest 80
19
Kurt Aland
Wie
lautet der ursprüngliche Text des Neuen Testaments? 82
20
Herbert Haag
Mit
der Bibel den Katholizismus reformieren 84
21
David Flusser
Bedeutendster
jüdischer Jesusforscher und
unentbehrlicher
Vermittler zwischen den Religionen 87
22
Dominique Barthélémy
Revolutionär
der Textkritik 89
23
Krister Stendahl
Paulus
und das gute Gewissen 91
24
Brevard S. Childs
Der
Kanon als Schlüssel zum Verständnis der Bibel 93
25
Jacob Milgrom
Virtuoser
Deuter der biblischen Ritualgesetze 95
26
James Barr
Intelligent
glauben 98
27
Martin Hengel
Judentum
und Hellenismus 100
28
Oswald Loretz
Ugarit
und die Bibel 102
29
Carlos Mesters
Das
Leben und die Bibel 104
30
Fernando Belo
»C/X«
- Bibellektüre als Teil einer politischen Praxis
31
Luise Schottroff
Sozialgeschichte
im Dienst der Befreiung
32
OthmarKeel
Bildforscher
unter Textforschern
33
Hans Heinrich Schmid
Weisheit,
Gerechtigkeit,
Pentateuch
und - die Zürcher Universität
34
David J. A. Clines
Von
rechts nach links und von links nach
rechts
lesen
35
Frank Crüsemann
Sensibilität
für gesellschaftliche Prozesse
36
Ulrich Luz
Das
Matthäusevangelium und
seine
Wirkungsgeschichte
37
Elisabeth Schüssler Fiorenza
Die
Macht des Wortes erforschen
38
Adrian Schenker
Geist
und Buchstabe
39
Erich Zenger
Pentateuch-
und Psalmenforscher, Advokat des
jüdisch-christlichen
Dialogs
40
Eugen Drewermann
Tiefenpsychologie
und Exegese
41
Helen Schüngel-Straumann
Feministische
Exegetin der ersten Stunde
AI Athalya Brenner
Ohren
für weibliche Stimmen in der Bibel
43
Gerd Theißen
Jesusbewegung
und Sozialgeschichte
44
Max Küchler
Religion
und Politik in der Landschaft
45
Erhard Blum
Kompositionen
statt Quellen
46
Bernadette Brooten
Junia
— hervorragend unter den Aposteln 142
47
Marie-Theres Wacker
Lehrerin
der Unterscheidung von Geistern 144
48
Adele Reinhartz
Jüdische
Neutestamentlerin im Dienste der eigenen Tradition 146
49
Renita Weems
Afrikanisch-amerikanische
Bibelauslegung 148
50
Martti Nissinen
Prophétie
als Phänomen der ostmediterranen Kultur 150
Personenverzeichnis
153
Literaturhinweis
156
Autorinnen
und Autoren 157
Bildnachweis 158
Sutter
Rehmann, Luzia: Beitag zu Fernando Belo, in:
Staubli, Thomas (Hg.): Wer knackt den Code? Meilensteine der
Bibelforschung, Düsseldorf 2009, S. 106-107.W
Fernando Belo (geboren 1933): „C/X“ – Bibellektüre als Teil einer politischen Praxis
Ist christlicher Glaube, wie er in der Bibel ausgedrückt ist, eine Ideologie, die der befreienden politischen Praxis widerspricht? Welche Lesegewohnheiten hindern uns daran, das Evangelium der Armen zu entdecken?
„C durch X“– so lautete das provozierende Programm von Fernando Belo: das Evangelium des Markus (franz. Marc) konnte nach Marx gelesen werden! Damit eröffneten sich völlig neue Horizonte und Fragestellungen.
Eine auf Karl Marx basierende Bibellektüre scheint auf den ersten Blick ziemlich paradox.
Doch Belo schulte seinen Blick nicht nur bei Marx, sondern auch am französischen Strukturalismus und an der Psychoanalyse. Sein Buch reflektiert die einzigartige Situation in einem Europa des Aufbruchs, als fundamentale Transformationen mit dem zweiten vatikanischen Konzil, dem Auftauchen der Befreiungstheologien, der Weltkonferenz von Kirche und Gesellschaft in Genf 1966, der Entscheidung des Weltkirchenrates, ein Programm gegen den Rassismus 1969 zu lancieren, neben den Studentenrebellionen der 68er und ihren utopischen und sozialen Hoffnungen nahe schienen.
Die 60er Jahre waren in Europa eine Dekade von spannenden Entwicklungen, die dazu geführt hatten, dass soziale, ökonomische, politische und rassistische Ungerechtigkeit auf die theologische Agenda der Kirchen gerückt waren. In diesem Kontext entwickelten sich neue Arten der Bibellektüre in Westeuropa. Sie nannten sich, ‚konkret’, ‚politisch’, ‚sozialgeschichtlich’, ‚nicht-idealistisch’ oder ‚materialistisch’.
Die Bezeichnung ‚materialistische Lektüre’ wurde von Belo eingeführt und bedeutete in erster Linie das Gegenteil von ‚idealistisch’, also eine nicht-individualistische, nicht-abstrakte, nicht-jenseitige Lektüre, die die Lebenswirklichkeit, wie sie von ökonomischen, politischen Strukturen, von sozialen Kämpfen gegen Unterdrückung, Ausbeutung, Diskriminierung etc. geprägt ist, in eine Interpretation miteinbezieht.
Während seine ‚Lektüre’ weite Akzeptanz in Europa fand, fasste sie in US-amerikanischem Raum kaum Fuss: „Insgesamt bleibt das Bibelstudium unter Christen privaten Sorgen und Ängsten verhaftet – während unsere Welt an einem imperialistischen Kreuz von Gewalt und Ausbeutung hängt.“ (Ched Myers, 1988)
Fernando Belo wurde 1933 in Lissabon geboren. Sein grosses Interesse an gesellschaftlichen Fragen führte ihn zum licence d’ingénieur civil und zur Lektüre von Karl Marx. 1968 schloss er sein Studium der katholischen Theologie in einem von Studentenunruhen geschüttelten Paris ab. Sein Interesse an Gesellschaftsumbau, Marxismus, Sozialutopien und Erneuerung der Theologie verknüpfte er mit strukturalistischen Methoden der Textcodierung und entwickelte so einen neuen Zugang zu biblischen Texte. Seinen gewichtigen Kommentar zum Markusevangelium: „Lecture matérialiste de l’ évangile de Marc“ piblizierte er 1974. Das Werk wurde in Spanisch, Deutsch und Englisch übersetzt. 1977 erhielt Belo die Ehrendoktorwürde vom Institut de Théologie Protestante in Paris.
Nach dem Linksputsch (der „Karnations-Revolution“) kehrte der verheiratete Ex-Priester aus seinem französischen Exil in seine Heimat nach Portugal zurück, als das Land sich nach der Diktatorenzeit langsam zu öffnen begann. Bis zu seiner Emeritierung (2003) lehrte er an der Universität Lissabon als Professor für Sprachphilosophie.
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Parabéns!
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