1. O filósofo italiano Maurizio Ferraris, de
Turim, cujo nome não conhecia e que teve colaboração publicada com Derrida, deu
uma entrevista ao Le Monde
(30/12/2017) sobre a noção de “pós-verdade” aparecida ultimamente que merece
reflexão. Ele pensa que ela proveio das tecnologias electrónicas, telemóveis e
computadores com as redes Web, que tiveram dois efeitos que ele cunhou numa
nova expressão, a revolução documedial. O primeiro é a explosão de documentos:
antigamente eram raros, os livros guardados em bibliotecas, os contratos em
arquivos e os bilhetes de identidade nas carteiras de cada um, enquanto que
“agora, cada uma das nossas navegações na Web e cada uma das nossas
comunicações quotidianas, cada um dos nossos movimentos, produz um rasto
registado, de maneira quase inconsciente, inadvertida, incontrolável”. O
segundo: “o smartphone é não apenas um receptor, como eram os nossos aparelhos
de rádio e televisão, mas um emissor de informação e muitas vezes ambas as coisas
no mesmo gesto nas redes sociais [...] qualquer habitante, russo, americano ou
o que seja, presidente dos EU ou qualquer tipo, pode dizer o que quer que seja
sem ser verdadeiramente corrigido. As categorias de verdadeiro e falso são
neutralizadas pelo número. A verdade é atomizada. É isso a pós-verdade, não o
desaparecimento da verdade, o triunfo da mentira e da pseudo-cultura que
denunciava Nietzsche, mas mais a cacafonia de milhões de pessoas, cada uma
convencida de ter razão. Nunca tivemos opiniões e crenças tão discordantes”.
2. Estas afirmações merecem reflexão, acentuam um
ponto muito importante da dificuldade dos discursos publicados hoje em dia,
face a esta cacafonia de gente convicta de que eu faço parte: as instâncias de
referência de argumentos e de valores, como se diz, ficam como que submergidas,
porque há muito ruído e sobra pouco tempo, livros e jornais de qualidade são
cada vez menos lidos. É certo que dantes não havia tantos leitores como isso,
mesmo ter aprendido a ler na escola não significava ter-se ganho hábitos de
leitura de jornais, mas saber que há quem conclua cursos de direito e proclame
o seu alívio de deixar de ter de ler livros ou jovens economistas admirarem-se
de ver um amigo da mesma idade a ler em férias um romance, mostra que
televisões e internets chegam para ‘informar’ gente com diplomas que supõem uma
certa literacia exigente. Continua a haver, ou voltou a haver, relativamente
poucos leitores proporcionalmente, como dantes, em que a religião confortava a
grande massa de analfabetos, que hoje foi substituída pelos médias e a sua
grande massa de iliteratos que aprenderam a ler, de que Bush e Trump são
exemplos.
3. Mas uma entrevista tem limites mesmo para um
filósofo, esta explicitação da pós-verdade põe em questão o que fenomenologicamente
me parece ser a lei da verdade, que regula toda a circulação das línguas duplamente articuladas, assim como a ‘lei da
gravidade’ regula a cena físico-química dos astros, a ‘lei da selva’ regula a
circulação dos animais vivos e a ‘lei da guerra’ regula as sociedades humanas,
sendo embora os respectivos estatutos destas ‘leis’ diferentes, consoante o
tipo de ‘regulações’, de regras. Comparada com as outras três, a lei da verdade
é menos agressiva, embora não menos exigente no seu alcance de disciplinar a
nossa bioquímica hormonal que depende da lei da selva e da guerra, as quais
supõem por sua vez a da gravidade; isto é, a lei da verdade destina-se a
corrigir excessos que das outras provêm: destina-se justamente a evitar
cacafonias. Bizarramente,
Ferraris a dado momento diz que a cacafonia actual vem provar a noção de
“mónada” de Leibniz, quando o papel de possibilidade de entendimento entre
mónadas vem precisamente da lei da verdade jogando sobre as línguas; ora
Leibniz que, como toda a filosofia europeia até bem recentemente, ignora a
linguagem e as línguas na sua metafísica, atribui esse monadismo a Deus, coisa
que nunca consegui entender e que seria “evidente” nesta verdade atomizada. Há
uma espécie de sintoma do discurso do filósofo, como se, apesar da sua
proximidade com Derrida, a verdade não tivesse a ver com as línguas.
4. Em que é que consiste a lei da verdade? Ela
testa-se a partir do motivo fenomenológico de usos sociais que, para serem aprendidos, são ditos em receitas
com nomes de coisas e acções, nomes e verbos que são testados na sua
‘verdadeira’ acepção pela efectividade do uso que dizem. Não há palavras sem coisas nem coisas sem
palavras, é essa a condição estrutural da linguagem e da sua lei de comunicação entre os falantes: usos, receitas e
instrumentos são comuns nos paradigmas das unidades locais, quer familiares e
arredores, quer de empregos. A lei da verdade é tribal, desenraizável. Aprende-se a falar
aprendendo-se a fazer: a língua,
os usos e a técnica, os costumes e a disciplina, vêm a par e crescem a par,
segundo os paradigmas da tribo. Quando se vê toda a minha gente, de idades e
competências bem diversas, funcionarem no dia a dia com grande habilidade no
fazer e no dizer, os usos e costumes da tribo bem ‘biologizados’, se se pode dizer
assim essa espontaneidade em que desaparece completamente a oposição entre
natureza e cultura, pode-se perceber que é o mesmo jogo de sentidos das palavras e frases que se dizem que é, por
regra, mais ou menos bem compreendido pelos outros que aprenderam os mesmos
usos na mesma língua. Este jogo de sentidos da linguagem nos paradigmas dos
usos das unidades sociais só é possível por haver uma lei que regula quer as
relações linguísticas entre palavras e frases quer as relações de significação
dos seus nomes e verbos às coisas e acções dos usos: é a lei de verdade dessa língua, que é diferente da das tribos
estrangeiras. A lei da verdade não obriga a dizer verdade nem impede de mentir
ou de errar, a capacidade de dissimulação é prévia à ética, lembrei num texto
recente. Mas ela impõe que a mentira ou o erro só possam circular se tiverem a
aparência de verdade: a crítica visa justamente essa aparência, denuncia essa
dissimulação.
5. Nas sociedades actuais que, como se diz, são
cada vez mais “sociedades de conhecimento”, as unidades locais de emprego são
cada vez mais especializadas, o que implica, por um lado, a forte necessidade
de verdade nos respectivos paradigmas mas, por outro, que entre os indígenas de
paradigmas diferentes se vão tornando relativamente estrangeiros uns aos
outros, permanecendo as unidades familiares e arredores como lugares de
entendimento, com as diferenças de classe todavia bem marcadas. Ora, nesta zona
do social extra profissional em que predomina o familiar e seus arredores
(amigos, vizinhos, conhecidos, aqueles a quem se dá o ‘bom dia!’ ou se aperta a
mão), os médias tradicionais como os recentes têm parte cada vez mais premente,
no sentido em que fazem pressão ‘ideológica’ em sentido geral, tendendo a criar
relações de clientela com os respectivos ‘conteúdos’, como se diz, e a apartar
frequentemente os parceiros de paradigma uns dos outros, em termos de geração e
de preferências diversas (politicas, culturais, desportivas, etc.): desde a
guerra iluminista pela verdade humanista contra a verdade religiosa que essa
pressão ‘ideológica’ foi sofrida muitas vezes como o ‘assédio’ e por vezes o
‘rapto para outros costumes’ tanto de rapazes (sobretudo ideais políticos ou
filosóficos) como de raparigas (romances nomeadamente), tendo o apogeu surgido
nos anos 60, no famoso 1968 do Japão à Califórnia passando pelo Maio e Junho de
Paris: a explosão dos jovens, das mulheres, dos erotismos em sua diversidade de
orientação. Durante os últimos dois séculos, os da generalização escolar e da
promoção da razão no paradigma
politico e social, os médias partilhavam-se segundo correntes, progressistas e
conservadores e variantes, com os respectivos paradigmas de verdades, assim
como partidos e outros tipos de associações, que aliás defendiam bem as
famílias dos ‘raptos’, assegurando que essas correntes, tal como outrora as
religiosas, se transmitissem por herança familiar.
6. Ora, esta variedade de posições publicamente e
mais ou menos colectivamente afirmadas é frequentemente posta em questão por fenómenos
de moda em domínios de ‘consumo’
de ritmo fatalmente lento[1],
que criam uma uniformidade de gostos em público que contraria as diferenças e
as oposições tradicionais mais lentas e duradouras. Pode-se pensar que a
continuação da ocorrência de modas será uma como que objecção pontual à noção
de pós-verdade, como Ferraris a propõe. Como não sou frequentador de redes
sociais, a minha dificuldade é grande para avaliar o que lá se passa, o que
perturba quem por lá anda e se lembra de como era dantes. A questão não é a de
contestar a sua análise, mas a de saber quais os limites desta pós-verdade:
creio que ela só pode jogar fora dos paradigmas das unidades locais. Com efeito, a zona de circulação dos
discursos dos médias reside na ampla esfera entre unidades locais, quaisquer que sejam, por uma
razão simples: qualquer unidade social reproduz-se no dia a dia e no ano a ano
através dos seus usos específicos e o próprio destes é a sua rotina, a qual só
interessa aos próprios. Em que é que consistem os ‘circuitos’ dessa zona
pública de circulação dos discursos, que desde a invenção dos livros e dos
jornais sempre foi a coisa dos médias? Digamos que os ‘dizeres’ aí são por
regra sem ‘fazeres’ ligados, conversa de narrativas sem contexto e opiniões
soltas, o que permite a dita ‘manipulação’ (curiosa aqui a palavra, que implica
as ‘mãos’ quando se trata sobretudo de palavras e imagens). Chama-se-lhes
habitualmente “meios de comunicação social” e não se costuma meter os livros
nessa designação, provavelmente porque a sua tradição académica e de saber, que
resultou historicamente na dita sociedade de conhecimento, bem como a tradição
literária dos romances, impõem respeito, o que eles escrevem e se lê (de
maneira individual, como nós hoje diante dos ecrãs computacionais) é ‘mais
elevado’ do que os médias, que justamente estão mais perto da ‘mediania’. Ora,
essa zona de saberes especializados valorizados (mais do que a literária, que
busca leitores) continua a funcionar em seus paradigmas mais ou menos
académicos: fugirão eles ao turbilhão da pós-verdade? Creio que, relevando de
usos especializados, formam com os usos domésticos (não necessariamente com os
costumes) as duas barreiras sociais sólidas de verdades. Não quer dizer que
essas rotinas não sejam atingidas: os smartphones intervêm no funcionamento das
unidades familiares criando indisciplina, sobretudo juvenil, como é sabido, mas
isso faz parte de ser novo, foi sempre um pouco assim. Não será por aqui que o
barco vai ao fundo, a lei da verdade impedi-lo-á, porque a rotina dos usos que
ela regula, estruturando-nos, são mais fortes. Mas os movimentos sociais
frequentemente buscam alterar rotinas, nomeadamente em seus aspectos
financeiros, o que chamamos ‘revolução’ consiste justamente em alterações de
usos, por razões politicas, tecnológicas ou outras.
7. Então, como caracterizar a tal zona da
“comunicação social”, hoje prolongada pelos receptores tornados também
emissores? Terá os seus paradigmas de enquadramento dos textos, são eles que
estão a sofrer revolução. Os jornais, por exemplo, dividem o que propõem em
secções além dos destaques de actualidade, sociedade, política, economia,
educação, cultura, gastronomia, desporto, espectáculos, opinião e por aí fora,
com jornalistas especializados em certos sectores, mas estes não são estanques.
Não sei se se pode encontrar neste tipo de classificações, que mais ou menos se
repetem em médias de tendências diferentes e por vezes opostas, critérios para
induzir análises dos turbilhões da tal pós-verdade. Creio que, se a questão tem
a ver com mentiras e falsidades deliberadas, haverá que saber, não tanto as
matérias em que se mente, mas os seus alvos: a resposta supõe que se mente a
pessoas e por causa de pessoas; então na comunicação social, a pós-verdade
rodará no cenário de pessoas públicas, de gente do social, da política, do
desporto, do cinema, etc., onde quer que haja paixões que afectem espectadores
e emissores. A descrição que Ferraris faz das mónadas em seus telemóveis é a
duma anarquia como nunca os anarquistas a terão concebido, mas pode-se pensar
que a maior parte funcione mais à maneira dos rebanhos, que fazem como vêem
fazer. E que depois virão outras modas. Um bom teste a ela são os tweets de
Trump. Ele mentirá por vezes, mas creio que é um narciso autista que acredita
mesmo naquilo que ele diz, enquanto todo o mundo abre os olhos de espanto. O
teste será aos que ainda acreditam nele, para quem as imbecilidades trumpianas
são verdades que pelos médias lhes vêm: por quanto tempo?
8. P. S. A lei da verdade
repousa na indissociabilidade das receitas e dos usos, do dizer e do fazer, que
é o argumento decisivo contra todos os cepticismos da história da filosofia
ocidental, que dependem da oposição entre ideias e realidade, entre palavras e
coisas. Além dos nomes das coisas usuais, as palavras soltam-se metaforicamente
– ‘folhas’ de árvore, ‘folhas’ de livro, massa ‘folhada’, ‘folha’ de Flandres…
– e outras polissemias da economia da língua. Depois de ter escrito este texto,
li numa revista on line do departamento de Filosofia
da Universidade do Porto, um texto da filósofa francesa Claudine Tiercine, Que
valent les idées face aux croyances ?, que
termina discutindo o cepticismo : nem ‘ideia’ nem ‘crença’ nem ‘cepticismo
e conhecimento’ invocam alguma vez a linguagem, tudo se passa na oposição entre
ideias e realidade, como se cada pensador fosse uma ‘ilha’, sem história dos
paradigmas filosóficos em que se entra nessas questões e se as discute com seus
códigos, verdade e falso, etc. A sensação bizarra que me deixou, que há muito
tempo que não lia textos deste tipo, trata-se duma professora do Collège de
France, não é qualquer pessoa, foi a de não ter nada a dizer sobre as várias
posições citadas, que simplesmente me parecem mal postas, ou então eu é que
provavelmente não sou ‘filósofo’ (felizmente). Resumindo e concluindo : a
pós-verdade será muito menos atomizada, joga-se em paradigmas flutuantes que
usam palavras tresmalhadas e as cruzam ao sabor dos incessantes acontecimentos,
mas têm as suas regras que poderão ser estudadas.
[texto que tinha por publicar, com uns dois ou três anos]
A lei da verdade
1. A noção de verdade abriu falência
no seio do pensamento ocidental. Apercebemo-nos de que as nossas principais
verdades, as que foram acreditadas como absolutas, precisaram de ser definidas as filosóficas,
proclamadas dogmaticamente as teológicas, discutidas pela comunidade científica
as das ciências laboratoriais. Esta nova atenção histórica concluiu que essas
verdades, que se queriam universais e eternas, tinham uma história, e que
portanto, como tudo o que é histórico, eram relativas às situações que as definiram, as dos filósofos
gregos, da igreja cristã triunfante em Roma, dos laboratórios do renascimento
europeu. Desta descoberta resultou posteriormente a atitude contrária à dos
absolutismos, um relativismo
generalizado: ‘não há verdades’. Que se acentua face às ‘verdades’ dos
fanatismos que nos surpreendem e por vezes nos aterrorizam, que se manifesta no
facto de que hoje os filósofos não ousam reclamar a verdade para os seus
argumentos[2],
de que os cientistas crêem que as verdades científicas são provisórias, “erros
adiados”: a física de Newton já não seria verdadeira após as físicas da
‘relatividade’ (Einstein não gostou do termo, foi-lhe imposto) e quântica
(apesar de continuar a sê-lo nas escalas das engenharias correntes).
2. E no entanto, como falar ou
escrever prescindindo da verdade do que se diz ou escreve, como estou fazendo?
Como ouvir ou ler o que se pensa não ser verdade, como se tudo fosse ficção?
Mentira, erro e ficção, em que consistem, se não houver critérios sociais de
verdade? Há palavras que estão desaparecendo por um erro ‘massivo’ (tem a ver
com ‘massas’, multidões) que substitui esta por ‘maciço’ (compacto, sem ocos),
‘havia’ que desaparece por ‘há’ (que deixa de ser uma forma verbal!) e, pior
que todos, a inexistência do que deveria ser a palavra médias, como fazem franceses e espanhóis, em vez do
colonialismo americano dos brasileiros que herdou o horrível ‘média’ como plural,
e chega a ser dito e escrito ‘mídia’! Erro clamoroso!. Mas se for só eu a bramar
contra ele, como pretender que é um erro? Com as regras de derivação das
palavras portuguesas do latim, claro, e não latim-americano-português![3].
Essas regras são relativas, porque históricas? Sim, mas são verdadeiras. E não
me parece que essa relatividade afecte a sua verdade linguística.
3. A língua como estrutura social é
um conjunto de regras impostas inexoravelmente a quem a aprende como condição
de sermos entendidos pelos outros da nossa tribo. Lei da verdade: corrigem-nos
os erros, castigam-nos as mentiras, inquietam-se com as ficções, as
‘fantasias’. O meu querido mestre R. Barthes deixou-se levar ao erro de dizer
que “a língua é fascista”, mas são essas regras que nos dão a liberdade de
falar de forma não anárquica:
elas compõem o social com o individual de forma extraordinária, sem corte
possível entre um e o outro. Mas não se trata apenas de regras
intra-linguísticas: quando aprendemos os substantivos e os verbos,
aprendemo-los uns como nomes
de coisas, plantas, animais e os outros de movimentos ou comportamentos: as
palavras trazem consigo o mundo a dizer e a fazer. Também aí há regras, há
metáforas e outras maneiras de estender os sentidos de palavras correntes a
coisas menos correntes, há lugar para a liberdade do artista, para a transgressão
de tal ou tal regra, nos limites em que essa transgressão é subentendida. Só
nos entendemos a falar e a escrever, justamente porque as regras da língua que
permitem dizer e contar e querer modificar o nosso mundo o fazem sob o
alcance da lei da verdade, grande lei da circulação da palavra. Foi com ela
que definições, dogmas e verdades científicas foram possíveis, assim como a
respectiva discussão critica.
4. Tudo o que dizemos e fazemos (ou
escrevemos) é ligado em paradigmas, tanto os dos costumes quotidianos e da sua
moral, como os das diversas instituições, científicas, politicas, e por aí
fora: as verdades são relativas às regras desses paradigmas (com a grande
dificuldade de estes se cruzarem frequentemente). O que faz a relatividade da
verdade é trazê-la, da universalidade absoluta, para a localidade temporal do
que fazemos, dizemos e contamos em nossos discursos e narrativas, onde a
mentira, o erro e a ficção só podem funcionar se se derem como verdadeiros: os
dois primeiros até serem descobertos, a última com uma paleta mais ou menos
variada de transgressões do realismo (ficção científica, literatura fantástica,
etc.).
5. A língua multiplica os matizes do acesso à
verdade, à certeza. À questão ‘é verdade que a Maria veio?’, posso saber que sim, ou pensar que talvez, ignorar, crer,
duvidar, achar, julgar, imaginar, hesitar, e até ter-me esquecido. O verbo
saber é o grande cúmplice linguístico da verdade, a sabedoria que ela pode trazer a uma vida.
[1] Já que
dependendo de estruturas de produção pesadas e complexas, a rotina desses usos
jogando contra a moderna por excelência de ‘progresso’ ou de ‘mudança’.
[3] Além da
luta contra o AO, há que prevenir a catástrofe, a nossa língua a tornar-se um
crioulo do inglês.
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